quinta-feira, 2 de junho de 2011

Desfiles do Feshion Rio



Filhas de Gaia – Fashion Rio primavera-verão 2011/12.
Anos 70 bombam, e aqui a palavra-chave é Halston: mulheres-locomotivas com calças amplas, fendas, frentes únicas, recortes que deixam as costas de fora. O cabelo é puxado num rabo que cresce, crespo, à Pat Cleveland. O movimento é sexy, mas ao mesmo tempo essa mulher urbana que esvoaça tanto parece estar sempre fugindo de paparazzi!





A Coven é uma das marcas do Fashion Rio que melhor misturam o lado comercial que é a vocação do evento com um viés mais conceitual: seus desfiles são bem amarrados, contam com peças que as mulheres querem pra já, e também são espertos, instigando os fashionistas.O vestido de Alicia Kuczman sem manga, listrado, longo e brilhante, é um bom exemplo nessa coleção de primavera-verão 2011/12 da marca, pronto pra ser usado – mas muito fashion. A coleção inspirada em andarilhos do Himalaia conta com arabescos e listras pradistas (mas a influência não incomoda).






A Prada lidera, até agora, a macrotendência da temporada do verão 2012, com seu tropicalismo que cai tão bem por aqui.Rique Gonçalves, o estilista-revelação do prêmio Moda Brasil em 2008, traz este espírito nos homens de sua R. Groove, em listras estampadas ou lisas. As calças são ponto alto enquanto o shape quadrado nem sempre funciona na parte de cima. Cai bem no tricô curto ou na parka de algodão – que, ele avisa, é tingido organicamente-, mas às vezes perde a medida na veste de alfaiataria. Os meninos são megabronzeados, numa ponte Califórnia-Rio, e seu melhor statement é o frescor do algodão cru.








O desfile começa com formas futuristas em couro branco. Quem abre é um vestido de extravolume que ousa deixar a saradíssima e linda Aline Weber bunduda (!), seguido por um camisão meio casaco, pesado, que se equilibra pro calor do verão com um short. Aí vem um vestido trapézio bem sessentinha… O conjunto instiga. Depois as imagens continuam fortes, em pegada mais orgânica tipo “forças da natureza“: o branco gelado, os paetês de couro em tom de terra, as camadas de gazar, o macramê com muitas franjas. Como guerreiras místicas (e talvez com a imagem perigosamente próxima da colega de line-up Espaço Fashion), as modelos exibem colares de cristal bruto e gladiadoras que sobem até o meio da perna. Estreia boa.











Conceito diz respeito às ideias. Moda diz respeito às ideias que vem na roupa. E, dessa vez, as ideias que os integrantes do coletivo fashion OESTUDIO tiveram foram melhores. Para a coleção de primavera-verão 2011/12, chamada de “Laboteliê”, eles remixaram o artesanal com o industrial em peças que tinham como objetivo “confundir o que é feito pela naturalidade das mãos humanas à mecânica da máquina“. O vestido feito de látex passou por uma fôrma para texturizá-lo e deixá-lo parecido com pele (apareceu com uma variação de cores nude, uma vez que parte do casting era composto de modelos negros.






As irmãs Camila e Bianca Bastos se inspiraram em rituais holísticos, no trabalho cheio de simbologia de Leif Podhajsky – mas no fim o que a gente viu na passarela foi roupa de carioca da gema, com charme sexy. No lugar de peças justas, o que aparecem são camisas e vestidos sem manga de cava profunda, pernas de fora (tipo “tô nem aí pra essa moda de mídi”), muito animal print (especialmente cobra), bolsos tipo cargo em lugares inesperados ou mesmo na diagonal, franjas de correntes.




Muito bom ver uma marca que representa o estilo carioca – aquele que sabe se vestir pra ir à praia como ninguém – evoluir sem perder a mão. É o que acontece com a Totem de Fred D’Orey nesta temporada, contando com uma nova profissional em sua equipe: Yamê Reis, estilista mais identificada com a Cantão, marca para a qual ela trabalhou longamente. A receita parece simples, mas tem lá seus segredos. E na receita da Totem os ingredientes são: formas simples, proporções exatas e estampas suavemente coloridas (ainda que em tons vivos), que são misturados delicadamente, como se suas peças fossem um suflê – leve, consistente, saboroso.. Além disso, o homem e a mulher Totem agora se divertem e vivem além da praia, imprimindo uma elegância natural, quase essencial, em programas mais urbanos num belo dia de sol.



E quando todo mundo busca os anos 70 na temporada… A 2nd Floor se inspira nos anos 80! Thiago Marcon, responsável pelo estilo da marca, explica: “É um começo de 80, sabe, que ainda tem um ranço de 70… A gente não quis fazer o 70 que todo mundo está fazendo”. Pra se inspirar, o mote inicial foi a Grécia, que aparece na referência de uma sereia que viveria às margens da ilha (em um brinco, na estampa de escamas), nos bordados com vidrilho imitando os enfeites das colunas, na rede do pescador (a daqui é um tricô furadinho), nos looks mais rígidos à armadura (especialmente no final, com os 3 looks estruturados em cima e plissados embaixo), na plataforma-gladiadora. Mas entram aí outras referências que têm tudo a ver com o universo da 2nd Floor: o college das bolsas e mochilas, o Morrissey nas flores e nos cabelos dos meninos, as cores manchadas de um surfwear estilizado e moderno.

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